SÉCULO XX- UM SÉCULO DE GRANDES AVANÇOS CIENTÍFICOS E TECNOLÓGICOS E PARADOXALMENTE DE MUITA CRUELDADE.

- Um grande avanço científico e tecnológico verificado no século XX  possibilitou as construções de sofisticados computadores,poderosos telescópios e até processadores de elétrons,não obstante, a espécie humana continua estranhamente incapaz de integrar a  Ciência e a Tecnologia em favor de uma  existência humana mais plena e solidária. 

    

    Segundo as palavras do renomado e brilhante historiador Eric Hobsbawn o século XX, apesar dos extraordinários avanços científicos e tecnológicos, foi um dos mais cruéis da história da humanidade. Jamais os países ricos tiveram tantas riquezas em suas mãos e o abismo entre eles e os países pobres, na verdade, se enormizou. Quando se esperava uma redenção social através das aplicações das conquistas científicas e tecnológicas, paradoxalmente, milhões de pessoas foram vítimas de fome, doenças de carência e parasitárias, desemprego e desamparo social. A cobiça e o egocentrismo dando gênese a direitos imaginários plasmados de forma espetacular em mentes com poder de decidir em nome de certas nações determinaram um espantoso estado de disposição bélica do homem para com o próprio homem, uma disposição desintegradora que acabou culminando em muitas guerras, inclusive as duas guerras mundiais.      
            A crise fundamental que continua atingindo a humanidade não é econômica, nem social, o que se estabelece no âmbito social e econômico é apenas reflexo de uma crise na dimensão da consciência humana. O homem não holístico, ainda condicionado, identificado e deslumbrado com modelos econômicos e sociais focados na concepção neoliberal supõe que tais modelos podem regular a economia global e consequentemente o ajustamento social. Entretanto, para que a lei da oferta e demanda esteja integrada em um mercado único, as regras que certamente beneficiam os países que possuem maior poder de compra e os que possuem produtos qualificados para vender, deveriam levar em conta a realidade específica de cada nação.
            Era de se esperar que o aparato científico e tecnológico devesse contribuir para uma maior integração entre os homens, entretanto, a raiz da questão é ontológica. A crise expressa nas relações sociais é uma ressonância da turbulenta crise na dimensão da consciência humana. Se cada indivíduo parasse de reagir às pressões impostas pelas desumanas “entidades” mercantilistas que operam e ditam as regras do jogo, controlando o ser humano através das imposições econômicas  que causam dependência para a sobrevivência,  retiram-lhe a espontaneidade do viver.
             Enquanto o homem estiver comprometido com um paradigma insatisfatório e deteriorado que justifica a crise humana principalmente através de concepções econômicas e sociais, os adeptos do materialismo dialético não perceberão que a crise econômica e social, na verdade é conseqüência da deplorável falta de unidade na consciência do ser humano.
             Na verdade, a expressão “massa humana” não condiz com o real. O que existem são indivíduos, que tal como eu e você, são seres humanos que não podem ser enquadrados em modelos sistematizados por teóricos, pois são expressões inéditas da própria vida. Quando se referem à massa, esses teóricos se desvestem de humanismo, supondo que o pensamento divorciado do emocional poderá encontrar padrões estratificados para solucionarem as questões relativas ao equilíbrio social. Entretanto, até aqui, essas “fórmulas” se mostraram incompletas e, portanto, ineficazes. Mesmo nos países de primeiro mundo há grandes turbulências e insatisfações existenciais em grupos humanos economicamente bem resolvidos.
            Talvez o próprio homem que até o momento se revestiu de “lobo do próprio homem” já comece a sentir o eco da consciência dando sinais de insatisfação com sua conduta. A vida parece impulsioná-lo  rumo a experiência do “conheçe-te a ti mesmo” para que sua mente tenha a possibilidade de  operar de forma mais integrada. Segundo algumas correntes da psicologia, grande parte da humanidade atual, sem o saber, sofre de  esquizofrenia..
            O pensamento que vem norteando a postura de grande parte dos homens perante a existência se sustenta no utilitarismo e no imediatismo, pois a filosofia pragmática de John Dewey exerceu grande influência sobre a civilização ocidental. Cuidar dos valores da existência, do refinamento dos sentimentos e da ética fundamentada na continua experiência de autoconhecimento, quando não são desdenhados, são, no mínimo, atitudes torpedeadas pelos agentes do progresso imaginário.

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